Dois estímulos têm afetado o trabalho da auditoria independente, abrindo caminhos para uma grande mudança. O primeiro vem do mercado em geral. Empresas, reguladores, investidores e a sociedade demandam, cada vez mais, que os auditores sejam mais proativos e prospectivos, incorporando inteligência de negócios e tecnologias às suas obrigações regulamentadas, ultrapassando as usuais análises retroativas de demonstrações financeiras.

O segundo é, ao mesmo tempo, estímulo e um dos caminhos que permitirão um avanço nessa prática. Trata-se da ascensão das tecnologias e do vertiginoso volume de dados disponíveis. Esses dois fatores municiam o auditor com novos recursos para seu trabalho diário, permitindo a ele continuar a apoiar decisões de investimento e diretrizes de governança de forma mais determinante na construção de um ambiente de negócios sólido.

Juntas, essas frentes movem a atuação do auditor para um novo momento, que já vem sendo chamado de auditoria do futuro. “Em suma e na prática, empresas e investidores buscam conclusões mais abalizadas e informativas, que os auxiliem a tomar decisões mais inteligentes. Isso requer investimentos significativos e uma mentalidade mais ousada do que a vista nas auditorias do passado”, diz Edimar Facco, sócio-líder de Auditoria da Deloitte no Brasil. “Eis o paradigma a ser quebrado: o olhar do auditor deve se voltar para o futuro.”

Um estudo elaborado pela Deloitte nos Estados Unidos com 250 agentes investidores, executivos financeiros e membros de comitês de auditoria ajudou a traçar um panorama a respeito de como será a auditoria do futuro. Questionados sobre a partir de onde a auditoria se transformará, os profissionais apontaram três focos: a necessidade de análises mais profundas, mais agilidade e eficiência nas entregas e uma abordagem inovadora do trabalho.

Tecnologia e capacitação

O consenso entre os entrevistados é de que os profissionais avancem no mapeamento das mudanças no cenário econômico e de negócios, adaptando-se mais rapidamente. “Há a demanda de que esse trabalho seja cada vez mais amplo, holístico e inovador”, diz Facco. “Nenhuma evolução, porém, ocorrerá sem considerar dois pontos: tecnologia e capacitação. Essas frentes são a base da abordagem cognitiva que define a prática da auditoria do futuro.”

Inovações tecnológicas, como os conceitos de analytics e de data visualization, além de recursos de business intelligence (BI) serão empregados a favor da auditoria. Do ponto de vista da capacitação, o caminho para o auditor do futuro inclui atualização constante e observância às normas. “Não se tratará de ter mais trabalho, mas de trabalhar melhor a partir de um círculo virtuoso em que se conectam plataformas, soluções, recursos e pessoas”, diz Facco. 

Os 5Is da auditoria do futuro* 

Intelligent Ferramentas e tecnologia levam a experiência da auditoria a um patamar mais elevado.
Intuitive Acessar dados em tempo real torna o processo mais intuitivo e ainda mais transparente.
Informed A execução passa a exigir conhecimentos sobre riscos, regulações, mercados e setores.
Integrated A entrega ultrapassa fronteiras, exigindo também maior interação em um ambiente global.
Insightful Além de fomentar confiança e transparência, também beneficia a tomada de decisões.

*Termos em inglês para inteligente, intuitiva, informada, integrada e esclarecedora.  

Fonte: O ESTADO DE S. PAULO – Terça-feira, 05 de janeiro de 2016 | ECONOMIA | B6

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