A Morte não é para sempre

Na verdade, pode até não ser morte, se o morto for um Software Livre.

Entre as várias preocupações infundadas acerca de SL, uma que ouvi várias vezes é sobre o (incerto) futuro de um SL se o principal mantenedor desistir do projeto. Ora, a resposta é simples: nada muda. Quem está acostumado com software proprietário leva algum até entender o que se passaria no caso de uma empresa cancelar seu projeto de SL.

Eu achei dois casos interessantes para comentar e exemplificar. Vejam só:

Sygate Firewall

Como eu uso WindowsXP no meu lap doméstico, eu preciso de um bom software para firewall. Claro que o embutido não serve – é roubada confiar na coisa mais visada como a mais segura. Nos idos de 2003 eu conheci e passei a usar o Sygate Personal Firewall, um software perfeito – pequeno, leve, bem feito, completo, finalizado. Era gratuito para uso pessoal, o que tornava-o realmente perfeito! Mas, claro, era proprietário.

Avanço rápido até 2005: a Symantec compra a Sygate (o nome já era parecido mesmo, hehe) e encerra o SPF. Isso mesmo: encerrou. Mudou o nome, depois descontinuou. Como a Symantec virou a dona do SPF, ela podia fazer o que bem entender, e fez!

OpenSolaris

Mais um avanço rápido e chegamos a 2009. A Oracle compra a Sun e lança dúvidas sobre todos os produtos da Sun, incluindo o Java. A coisa não ficou tão feia de uma hora para outra, mas aos poucos a casa foi (e ainda está) caindo para os projetos Open Source da Sun. Um desses a cair foi o OpenSolaris, uma versão SL de seu bem-sucedido SO Solaris. A Oracle/Sun decidiu cancelar o investimento no OpenSolaris e deixar tudo por isso mesmo.

Mas o que é a morte para um Software Livre? “Não vou mais mexer nesse código!” E daí? Ele está lá para quem quiser fuçar!

Em outubro de 2010 a Linux Magazine, na página 18 da edição 72, a Coluna do Alexandre reportou o surgimento do OpenIndiana, que nada mais é que a sequência do OpenSolaris, com as mesmas pessoas que o desenvolviam antes. E o que é melhor: sem a dependência de uma empresa privada, com opiniões próprias sobre SL.

Conclusão

Não existe fim para um SL, como existe para um software proprietário. Na pior das hipóteses significa o congelamento de um software em sua última versão. Na maioria das vezes, é um hiato entre um grupo de desenvolvedores e o seguinte.

Para encerrar minha história com o SPF: quando eu mudei do meu desktop para um notebook (ambos com WindowsXP), eu baixei a última versão do SPF de um site de abandonwares, instalei e estava tudo como dantes no quartel de abrantes (ele era perfeito antes e será enquanto TCP/IP for a mesma coisa – o que está para deixar de ser com o advento do IPv6).

Hoje eu estou prestes a me livrar do último software proprietário que resta no meu notebook, o WindowsXP, e migrar para um Ubuntu 10.10.

E se um dia a Canonical falir? Nada. Tudo continuará como dantes…

P.S.: leia meu perfil antes de me atacar como ante-empresa, contra-proprietário etc.

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